o ideal de liberdade e a valorização da identidade nacional nas literaturas africanas de lingua portuguesa
As literaturas moçambicanas, cabo verdianas, guineense e angolanas foram um grande instrumento de luta de libertação durante o julgo colonial português. Operaram historiograficamente ao se comprometerem com a escrita da história e das experiências passadas das sociedades abaladas pela colonização. O objetivo deste trabalho é promover uma reflexão sobre o percurso dessas literaturas que se constituíram antes das independências. O aparecimento das literaturas de língua portuguesa na África resultou, por um lado, de um longo processo histórico de quase quinhentos anos de assimilação de parte a parte e, por outro, de um processo de conscientização que se iniciou nos anos 40 e 50 do século XIX, relacionado com o grau de desenvolvimento cultural nas ex-colônias e com o surgimento de um jornalismo por vezes ativo e polêmico que, destoando do cenário geral, se pautava numa crítica severa à máquina colonial. Parte das manifestações literárias desse período pode ser rastreada em algumas publicações, como nos volumes do Almanach de lembranças e nos vários números do Almanach de lembranças luso-brasileiro, livrinhos “cheios de informações úteis” que continham, também, “bons versos e prosas, firmados por autores conceituados” (MOSER, 1993, p. 17). Gerald Moser pesquisou esses livrinhos, na biblioteca da Pennsylvania State University, EUA, e publicou, em 1993, o Almanach de lembranças (1854-1932). Em sua publicação, o estudioso ressalta características do material pesquisado, que constava de uma produção literária que se inspirava em modelos europeus mas também continha preciosas amostras dos costumes tradicionais de vários países africanos de língua portuguesa. Como bem acentua Moser (1993), “os livrinhos do velho Almanach de lembranças luso-brasileiro. como referência à vida literária da África de expressão portuguesa, de 1854 para diante”. Em Angola, Cabo Verde,