O Humano em Giotto
O Humano em Giotto
A Cappella dell’Arena, Pádua
Por
Lorenz Zumkeller
A pintura italiana do século XIII passou por um grande momento de inspiração criadora, por transformações, em certo ponto, revolucionárias. Para absorvermos essas mudanças, seria necessário atentarmos para algumas informações sobre o cenário social e cultural do período. Este século é marcado pelo crescimento do comércio, e por essa razão gerou-se o desenvolvimento das cidades. A sociedade torna-se mais dinâmica aumentando o grau de complexidade nas relações e diminuindo sua rigidez frente as mais diversas questões. Uma nova classe social se estabelece a burguesia, poderosa e rica, começa a assumir o controle do poder político e econômico das cidades.
Esse contexto fortalece o indivíduo, o ser humano, sentindo-se mais capaz de realizações e conquistas, assim, esse homem começa a se identificar mais com o que é do seu mundo real, e menos com aquilo que o remete a espiritualidade. Seria talvez uma forma embrionária das ideias pré-renascentistas.
Quando nos remetemos à arte italiana desta época, notamos que ainda está bastante ligada as tradições da civilização bizantina de representação pictórica. Mesmo assim, ela preservou algumas das tradições e descobertas dos pintores helenísticos, e foi esse diferencial qual permitiu, ao artista italiano do período, transpor a barreira entre a escultura e a pintura, a modelação entre a luz e a sombra, proporcionando certa tridimensionalidade ilusória à forma bidimensional.
E nesse contexto surge o artista florentino Giotto di Bondone (1266/7 – 1336/7) que quebrou o encantamento conservador bizantino, abrindo possibilidades para explorar novos caminhos, personificando a forma escultural gótica em figuras de impressões realistas e humanizadas. A pintura A Fé, mural na Cappella dell’Arena, em Pádua nos dá um exemplo do domínio desta técnica.
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