o homem, as viagens
Carlos Drummond de Andrade em seu poema O Homem, as Viagens, após descrever que o homem “aborrecido na Terra” vai de um planeta a outro,colonizando-os e humanizando-os, termina afirmando:
Só resta ao homem (estará equipado?) A dificílima dangerosíssima viagem De si a si mesmo: Pôr o pé no chão Do seucoração Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De con-viver.Drummond descreve as incansáveis viagens do homem a outros planetas, como que buscando o bem-estar, a plenitude, um sentido para a vida; algo, enfim, que lhe abrande oespírito e lhe traga paz interior. Assim, o homem coloniza-os e logo os abandona, porque se cansa deles, porque não encontrou neles o que estava procurando (talvez atéporque não soubesse, exatamente, o que estava buscando). No decorrer do poema, Carlos Drummond vai enumerando as ações do homem que vão sendo resumidas, de viagem aviagem. O que o poeta quer mostrar com isso? Que o entusiasmo do homem diminui à medida que o desconhecido vai sendo conquistado; quer conhecer o universo e falta a eleo mais importante: o conhecimento de si mesmo. Trata essas viagens espaciais e o materialismo da vida de forma irônica, sugerindo que a satisfação pode estar dentro desi. É a dangerosíssima viagem significando a investigação interior pelo próprio homem, no sentido de ser capaz de humanizar-se para conviver melhor com os seussemelhantes. Drummond nos leva a pensar sobre o tédio e o enfado, não como decorrentes do lugar onde se está, mas da falta de comunicação e convivência entre os homens. [continua]