planejamento estrategico
O entendimento do conceito e das implicações do fenômeno da globalização constitui um ponto de partida na análise das especificidades da Era do Conhecimento. A primeira constatação é a inconsistência conceitual e o forte conteúdo ideológico com que o termo foi moldado.
Na percepção dominante, estaríamos caminhando para um mundo sem fronteiras com mercados (de capitais, informações, tecnologias, bens, serviços etc.) tornando-se efetivamente globalizados e para um sistema econômico mundial dominado por “forças de mercado incontroláveis”, sendo seus principais atores as grandes corporações transnacionais social mente sem raízes e sem lealdade com qualquer Estado-Nação. Tais corporações estabelecer-se-iam em qualquer parte do planeta, exclusivamente em função de vantagens oferecidas pelos diferentes mercados. Assim, apregoa-se que a única forma de evitar tornar-se um perdedor — seja como nação, empresa ou indivíduo — é ser o mais inserido, articulado e competitivo possível no cenário global. Dessa perspectiva, a globalização é apresentada como um mito, um fenômeno irreversível sobre o qual não se pode intervir ou exercer influência. O papel dos Estados nacionais, particularmente da periferia menos desenvolvida, é aqui descrito como extremamente diminuído, senão anulado, só lhes restando a aceitação incondicional e o azeitamento do desenvolvimento das forças econômicas em escala global.
Visões alternativas apresentadas neste livro refutam e discutem tais premissas. Em primeiro lugar, questiona-se fortemente a real extensão e significado da globalização, inclusive quanto à existência de fato de um
“comércio global” e de um “produto global”. As análises sobre o atual processo de globalização geralmente não incluem duas grandes regiões do planeta, que juntas comportam mais de sessenta países, a África e a
América Latina. O comércio mundial destas regiões vem apresentando uma tendência decrescente, representando em 1996 apenas 6%