O historiador e seus fatos

O autor E.H. Carr faz uma intensa reflexão conceitual ao longo do texto para responder a pergunta que intitulou sua obra “Que é história?”, que aqui será objeto de analise, a explicação do que seriam fatos históricos. Para tanto, ele introduz o tema citando renomados historiadores de Cambridge, demonstrando, em suas respectivas posturas, pontos de vista diretamente opostos, um positivista e outro relativista, os quais, no decorrer do texto, continuaram a ser colocadas em conflito a partir de diferentes outros exemplos. Após ilustrar esses pontos de vista, que atribuem ao fato histórico cada qual uma característica própria, Carr parte para sua própria reflexão do que seriam os acontecimentos relevantes à história. Desse modo, ele questiona: Que diferença há entre um evento do passado e um fato histórico? Segundo Carr, o fato histórico é construído pela reflexão acerca de um dado acontecimento dentro da comunidade de historiadores. O Historiador é por natureza um selecionador, faz recortes no tempo e neles se foca, lançando-se a compreender algo em específico. Como os vestígios do passado não são o passado em si, mas sim fragmentos que encerram toda a cultura e mentalidade que os originou, inúmeras possibilidades de desvendar o que eles ocultam são possíveis, dessas possibilidades surgem as estruturas argumentativas propostas pelos historiadores no intuito de defender certa interpretação. Quando estas conseguem obter aceitação, e sobre tal interpretação joga-se a luz de uma discussão, essa lentamente vai se constituindo como um fato histórico. Portanto, são os próprios historiadores, enquanto agentes ativos, que diferem um acontecimento qualquer de um fato histórico. Carr em concordância com essa idéia de que tudo tido como histórico é fruto de uma seleção, apresenta as diferenças entre os estudos de uma passado recente e de um outro mais distante, sendo que este passado mais distante é limitado de informações que, por uma razão ou outra, persiste, enquanto o