O grande irmão
O serviço de Winston era corrigir as cifras utilizadas no ministério para comunicações internas, não se tratava só de Novalíngua.Quando se sabia que havia um documento que deveria ser destruído, ou mesmo se via um pedaço de papel usado largado no chão, ele os jogava para um tubo pneumático que havia nas paredes.
Wiston discava na teletela”números atrasados” e pediu os exemplares correspondentes do Times( jornal) e assim, descobriu que tratavam se de um artigo que deveria ser retificado, como se dizia oficialmente, de maneira que o Discurso do Grande Irmão coincidisse com os fatos. Como há uns meses anteriormente, o Ministério da Fartura deu ao público uma promessa de que não cortariam o chocolate em 1984, mas Wiston sabia que reduziria de trinta a vinte gramas no fim da semana. Bastava substituir a promessa inicial por uma advertência que isso talvez aconteceria em alguns meses.
E num ato automático, ele jogou o recado original pelo tubo, e o que aconteceria lá dentro ele não sabia, apenas de que depois de algumas edições publicadas, esta seria reimpressa, destruído o número original e arquivada como a oficial somente a versão adaptada. Assim, haviam provas de todos os feitos do Partido. O passado estava constantemente sendo atualizado, assim como as estatísticas que eram inventadas.
Do outro lado do corredor havia o Tillotson, e como os demais funcionários do Registro, não falavam sua atividade, e parecia sempre manter um segredo com a teletela. E para todos os lados do enorme conjunto, haviam milhões de outros setores, mas onde ficava o cérebro, que coordenava todo o trabalho era desconhecido. E o Registro não passava de uma pequena parte do ministério da Verdade que além de reconstruir o passado, devia fornecer aos cidadãos da Oceania jornais, panfletos, romances, até uma palavra de ordem.
O trabalho era seu maior prazer, pois mantinha se horas ocupado para resolver as falsificações, e era muito bom em cálculos. Lia sobre o