O Golpe do Destino
O filme ele foca bastante a relação médico-paciente. Mas não deixa de apresentar uma visão bem delicada de todo tipo de relação. Pois ainda que o médico (personagem) em questão tenha a oportunidade de estar do outro lado e por isso rever seus conceitos e sua forma de se relacionar com o paciente, nem sempre isso é possível. No início do filme, somos pegos por um sentimento de revolta perante o comportamento desumano do médico com seus pacientes. Entretanto, um olhar neutro é capaz de também ver o lado do profissional que lida com a morte todo o tempo. Fica muito claro que a impessoalidade da maior parte desses profissionais nada mais é do que um mecanismo de defesa, para suportar o enfrentamento com perdas diariamente. Mas, então, como é possível dosar esse mecanismo de defesa de forma a não comprometer o atendimento à pessoa do cliente? Certamente, o filme nos provoca outras reflexões, seja sobre relações sociais, familiares, afetivas ou sobre vida e morte, duas certezas que rondam a humanidade. Importante perceber que o movimento de transformação do personagem começa após alcançar um olhar sobre si mesmo.
Se pararmos para pensar, nos dias de hoje, muitos médicos se comportam de tal forma que, quase chega ser o mesmo que o personagem do filme. Quantas e quantas vezes já nos deparamos com noticiários o descaso pela falta de atendimento dos médicos com seus pacientes, assim como, reclamações de pacientes, por não serem bem tratados por seus médicos. Quando alguém vai para o hospital, se sente assustado, constrangido e vulnerável, se sente doente, e mais importante, querem se curar, por isso, põem sua vida nas mãos dos médicos.
Essa realidade só pode ser mudada quando, de fato, o contrário acontecer, ou seja, o médico passar pela mesma realidade de um paciente. Enfrentar toda a burocracia em questão, principalmente, em se tratando de um hospital público, a demora do atendimento, o descaso de atendimento do médico com o