o golpe contra as reformas e a democracia
No começo dos anos 1960, e desde a década anterior, reformas sociais eram discutidas amplamente e eram defendidas amplamente por amplos setores da sociedade brasileira. O mês de abril de 1964 representou um golpe contra tais reformas, e também contra a incipiente democracia nascida com o fim do Estado Novo em 1945. Porém, ao contrário do que diferentes fontes mencionam, não se deve considerar o golpe de abril de 1964 como uma revolução. O movimento de 1964, na visão dos militares vitoriosos, ocorreu contra o então presidente, João Goulart, contra a corrupção, a subersão, e uma possível e temida conversão ao comunismo, e não em favor de alguma ideia nova a ser implementar, o que caracterizaria sim uma revolução. Porém, ainda que os militares não considerem o golpe como uma revolução, podemos entendê-lo como um golpe contra a democracia, contra as reformas sociais, uma repressão à politização dos trabalhadores, e contra o debate ideológico e cultural que havia no país. As classes dominantes da época viam como baderna, comunismo, anarquia e subversão, as iniciativas dos trabalhadores, soldados, estudantes e camponeses, emprol da ampliação da democracia e da reforma do capitalismo brasileiro. Viam nestas iniciativas o risco de uma possível futura revolução comunista. Um golpe militar sempre rondou o período republicano iniciado após 1945, mas intensamente nos anos 1960. O próprio governo de João Goulart conviveu durante toda a sua existência com o espectro de golpe de Estado. Inclusive, João Goulart chegou ao poder após a renúncia de Jânio Quadros, que com o objetivo final de fechar o Congresso que lhe fazia oposição, pode ser considerada golpista. A emenda constitucional aprovada por um Congresso pressionado pelos ministros militares, que transformou o governo em parlamentarista em troca da aceitação de João Goulart como presidente (ficando este com poderes limitados e sem o carater de chefe de governo) também pode ser