O futuro às incertezas
A (não)consciência da governabilidade brasileira
BATTISTA SOAREZ
Jornalista e escritor
Nos últimos anos, os grandes acontecimentos da política brasileira foram acusações envolvendo corruptos, corruptores e corrupções das mais absurdas em todas as esferas e instituições de governo. Isto é o que a mídia divulga. Entretanto, por trás das cortinas midiáticas e políticas, imoralidade nas relações de governo, adultério e prostituição no Congresso Nacional e, ainda, comportamento sexual condenável envolvendo políticos de várias estirpes — alguns deles cristãos — têm tomado conta da sociedade.
Mas esses acontecimentos não esgotam os noticiários. Outras práticas ficam camufladas como, por exemplo, as mudanças e acréscimos nas taxas previdenciárias. O Brasil é um país absolutamente instável nas suas normas e nos seus estatutos. Isto torna o governo desequilibrado e sem estabilidade em todos os setores das políticas públicas.
Por outro lado, a política global ou a situação mundial tem se mostrado mais interessante, como diria Russell Jacoby, ou menos desalentadora, marcada pelos avanços em direção a uma União Europeia e, também, por fanatismo sanguinário e Estados em desintegração.
No cenário brasileiro, a política ficou chata, repugnante, até. Não tem mais nada de benigno. Sobretudo quando se fala em distribuição de renda. Podemos dizer, inclusive, que o sistema político-econômico brasileiro é despotismo e fratricida. Exagerei nas palavras? Creio que não. Senão, vejamos: o povo suporta as investidas das ações políticas e institucionais do governo sem ter força, criatividade e iniciativa para se defender. Ações estas administradas por uma “ideologia” retrógrada.
Na era da permissividade — na qual estruturamos nossas famílias, nossas vidas e nossas carreiras profissionais — temos pouca expectativa de futuro, isto é, de um futuro que venha ser diferente do modelo presente. Perdemos a noção de utopia. Perdemos a ideia de que o futuro de