O fim de semana
(Sala de estar de uma casa de campo. Móveis rústicos, bem arranjados. Porta à esquerda, dando para a varanda de entrada da casa. Porta à direita, presumivelmente levando à cozinha. Ao fundo, janela de vidro. Entre a janela e a porta da direita, escada de madeira, que leva aos quartos. Ao abrir-se o pano, a sala está às escuras. Chove torrencialmente fora, o que se vê pela janela, por onde a água escorre. Há relâmpagos e trovões. Batem à porta da esquerda, furiosamente, repetidamente. Quitéria, a empregada e caseira, cruza a cena, vinda da direita, para atender. É velha, usa chinelos, sente-se que a súbita visita a contraria, o que lhe provoca resmungos e gestos rápidos. Abre a porta da esquerda, por onde entra uma lufada de chuva e vento. E entram também, apressadamente Amália e João, vestidos com capas de borracha, e abrigados num único guarda-chuva. Vão despindo as capas, fechando o guarda-chuva, fazendo escorrer a água, enquanto falam a Quitéria).
Amália – é aqui a casa dos Gomes dos Santos?
Quitéria – Antão num é?
Amália – Você é a Quitéria, não?
Quitéria – Antão num sô?
Amália – Nós somos o casal que veio passar o fim de semana com êles...
Quitéria – (Acende a luz elétrica da sala) Podem i intrando. Êles num tão aí não.
João – Talvez tenham ficado no caminho, por causa da chuva... êle devia subir com a Maria às quatro horas!... E já são sete...
Quitéria – O quarto dos hóspe é lá em cima. Podem ficá à vontade. Querem mais arguma coisa?
Amália – Tudo que trouxemos ficou lá fora, no carro. Seu marido não poderia ir buscar para nós?
Quitéria – Meu home foi na vila. Tô esperando êle também.
Amália – O melhor é deixar a chuva passar; depois você vai até o carro e apanha as coisas.
João – É melhor. Está um frio horrível! Não pode acender a lareira?
Quitéria – Apois meu home foi buscá carvão pra lareira, que tá fartando... Enquanto êle num chegá, num posso fazê nada.
João – Ah, bom.
Amália – Eu não estou com tanto frio assim. Estou é com