O filme "Quanto vale ou é por quilo" e o Terceiro Setor

O filme "Quanto vale ou é por quilo" e o Terceiro Setor

O filme “Quanto vale o é por quilo”, de Sergio Bianchi, retrata a falsa solidariedade existente no Terceiro Setor, principalmente no período de seu surgimento. Ao observarmos os comportamentos dos diferentes momentos e histórias relatadas, os conflitos de interesses saltam aos olhos. Companhias e empresários individuais aproveitavam projetos sociais para se promover e para lucrar com desvio de verbas. As cenas evidenciam a desigualdade existente entre brancos e negros, pobres e ricos, além de evidenciar o descaso daqueles que, aparentemente, importavam-se com a causa dos financeiramente menos favorecidos.
Durante o filme, uma organização que presta serviços para comunidades carentes é chefiada por Marco, um corrupto que, muitas vezes, mascara as ajudas que fornece às instituições. Um dos projetos que recebe o apoio de Marco refere-se à inclusão digital, no qual computadores são doados a uma escola carente. A doação é celebrada pela comunidade como se a companhia de Marco merecesse reconhecimentos, quando na verdade os computadores doados tratavam-se apenas de máquinas velhas, quase em desuso. Outro caso que vale a pena ser citado é o de uma viúva muito bem sucedida na venda de escravos e que, com freqüência, apoiava causas sociais. Num dado momento, ela oferece ajuda a uma velha amiga escrava que diariamente trabalhava pela liberdade. A escrava aceita uma ajuda que foi oferecida nas seguintes condições: a viúva a compraria de sua senhora e, em troca, a escrava trabalharia para a viúva até que quitasse sua dívida. Ou seja, uma pseudo-solidariedade é evidenciada novamente, pois, como amiga, nenhuma troca abusiva deveria ser exigida.
Pode-se dizer que apoio ao social era oferecido como uma forma de alívio da consciência, como uma forma de eliminar o peso da alma. Para a classe A da época da escravatura, o luxo de ter princípios, como o fazer o bem, era valorizado. Tal realidade corroborava para a