O escolar
O livro reúne os principais escritos de Fernand Léger, que manifesta seus pensamentos a respeito da criação pictórica ao abordar os problemas da forma, da cor e do espaço, além de realizar uma reflexão profunda sobre a arte em sua época. É dividido em cinco partes, cada uma com um tema central, que é desenvolvido ao longo do texto.
A primeira parte aborda a transição da pintura chamada de tradicional para a pintura moderna.
Inicialmente busca diferenciar o valor realista da qualidade imitativa, ou seja, imitar a realidade não é o mesmo que buscar o realismo. Para Léger, quanto maior o realismo, maior a qualidade da obra pictórica, e, na pintura, esse realismo é o ordenamento simultâneo de linhas, formas e cores.
Os pintores anteriores ao impressionismo usavam esses três itens ligados a um tema de valor absoluto, como a descrição de manifestações humanas. Os impressionistas foram os primeiros a rejeitar esse valor absoluto e passaram a considerar o valor relativo do tema. A relação entre os objetos é então expressada pela cor, e esta passa a compor e construir o tema. Além disso, livram-se da sedução literária, o que possibilita o uso integral de contrastes pictóricos através do espírito lógico, atingindo assim o realismo e obtendo o máximo efeito de expressão.
Essa é a revolução pictórica que possibilitou a transição do realismo visual, aplicado na pintura antiga, em que há a necessidade do tema e da perspectiva (estes, para Léger, são negativos e antirrealistas), para o realismo conceitual da pintura moderna, menosprezada pela bagagem anterior.
Hoje, a pintura moderna possui a liberdade de composição e rejeita o tema e as proporções naturais. Com a rapidez da atualidade, o quadro foi condensado e a paisagem obteve valor secundário. A arte, ao invés de copiar, inventa, e os elementos da realidade se submetem à harmonia entre volumes linhas e cores, ou seja, os valores pictóricos são