O erudito e o popular
Monteiro analisou especificamente o congo e o bumba meu boi, dois tipos de dança ainda muito presentes no país
Monteiro analisou especificamente o congo e o bumba meu boi, dois tipos de dança ainda muito presentes no país, tratados por diferentes nomes, de acordo com a região. Os congos são festas que, a princípio, eram protagonizadas por escravos desde o século 16 em Portugal. Durante as danças, um rei negro é eleito e reverenciado, prática que remete ao reconhecimento prestado aos antigos soberanos do Congo, aliados dos portugueses na África. Já o bumba meu boi, relacionado em alguns aspectos às cavalhadas da época imperial, consiste na encenação da morte e ressurreição de um boi, com inúmeras variações no enredo.
Foram quatro anos viajando pelo país para acompanhar essas manifestações, além da pesquisa em documentos históricos que descrevem eventos culturais. “Pude observar que, até o século 19, era muito mais difícil fazer distinção entre popular e erudito”, afirma a socióloga. “Sempre existiu a separação entre povo e elite, mas, culturalmente, os limites eram bem menos óbvios”. Um dos fatores que contribuíam para isso era a forte influência do Estado português na formação das danças das classes mais pobres.
Segundo Monteiro, as festas populares eram parte importante de um projeto político-teológico já que, durante o Antigo Regime, Estado e Igreja eram praticamente inseparáveis. Portugal, por meio de proibições ou