o encontro clínico
Sandra Lourenço Corrêa
RESUMO: Este trabalho busca relacionar as discussões realizadas na disciplina Tópicos Especiais em Estudos da Subjetividade II com o projeto de tese em andamento. Trata-se de pensar a clínica em sua dimensão ética que se consolida no reconhecimento da alteridade. Para tanto, recorrer às ideias de Spinoza possibilita pensar sobre essa ética e na capacidade da clínica em potencializar ações humanas singulares, além de favorecer a emergência de uma estética como efeito da passagem de linhas de fuga num processo relacional que não comporta linearidade nem ímpetos de homogeneidade.
Palavras-chave: Clínica; Spinoza; encontro; ética.
INTRODUÇÃO
O trabalho clínico requer um constante exercício de problematização, considerando a facilidade com que pode ser usado por forças repressoras dos movimentos singulares da existência, limitando a capacidade criadora da vida e aprisionando a diversidade da expressão humana. Esse é um grande problema - quando se usa a clínica para reproduzir modelos de interpretação e formatação do comportamento. Trata-se de uma batalha que vem se configurando por forças altamente sedutoras do ponto de vista do anseio pela rapidez de resultados terapêuticos, do acesso aos meios farmacológicos e da difusão de certo saber que se autodenomina científico. Portanto, a batalha é grande e precisa de armas potentes. Uma delas é a problematização do rumo que a clínica insiste em manter, se instrumentando por tecnologias de medicalização que operam pelas tradicionais categorias descritivas da subjetividade de uma época e sociedade específicas. É necessário recolocá-las em uma trama que envolve poder e saber no âmbito do conhecimento científico, que segundo Foucault (1988), se difundiu como discursos de verdade a partir do século XIX nas sociedades ocidentais. Foram realizadas manobras “científicas” de especificação dos indivíduos, sobretudo dos transgressores da norma social.
Outra arma de combate