O efeito químico dos remédios
PODEM OS MEDICAMENTOS QUE USAMOS PREJUDICAR O MEIO AMBIENTE?
Os fármacos têm um papel importante na prevenção e tratamento das doenças do homem e dos animais. A segurança para os consumidores está protegida por legislação que obriga a indústria farmacêutica a prolongados estudos para avaliar possíveis reacções adversas desses medicamentos nos seus utilizadores. Em contraste pouco se sabe sobre os possíveis efeitos destes compostos nos organismos aquáticos ou terrestres que possam acidentalmente entrar em contacto com eles. Os medicamentos podem ser libertados no meio ambiente de várias formas (ver Figura 1). Após administração em humanos, parte dos fármacos ou produtos resultantes do seu metabolismo no corpo são excretados nas fezes e urina sendo encaminhados para as estações de tratamento de águas residuais (ETARs). Estes produtos são só parcialmente removidos nas ETARs acabando por chegar em pequenas quantidades aos cursos de água. A contaminação provocada pelos medicamentos de uso veterinário é geralmente mais problemática uma vez que muitas vezes a excreção é feita directamente para o ambiente sem qualquer tratamento prévio. A outra via importante de entrada destes contaminantes no meio ambiente resulta do descarte indevido de medicamentos ou das suas embalagens. A libertação de fármacos para o ambiente tem ocorrido desde há décadas, mas só recentemente foi iniciado o estudo dos seus possíveis efeitos no ambiente. As técnicas que permitem a detecção e quantificação destes compostos aos níveis encontrados no ambiente só foram implementadas na última década. Os estudos realizados a nível mundial permitem concluir que o problema da contaminação é generalizado, aparecendo nas amostras de água analisadas múltiplos fármacos em concentrações individuais que geralmente não ultrapassam os μg/L (0,000001 g por litro de água). Os baixos teores detectados podem ser enganadores, e apesar de ser