O desenho urbano e a busca de uma compreensão geográfica na complexidade da
Autores: Msc. Shirley Carvalho Dantas e Dra. Arleude Bortolozzi Instituto de Geociências – Doutorado em Geografia - Unicamp E-mail: scd.arq@hotmail.com
INTRODUÇÃO
A violência está presente nas nossas vidas, nas ruas, na mídia e nos estudos científicos. É uma preocupação cotidiana, especialmente dos moradores de áreas urbanas que, acuados por sentimentos de medo e insegurança, vêm adotando cada vez mais medidas preventivas e segregadoras. A necessidade de proteção está se refletindo nas diversas formas de utilização do espaço e transformando todo o desenho das morfologias urbanas. Este impacto da violência faz com que planejadores urbanos estejam cada vez mais preocupados em desenvolver projetos que garantam mais segurança aos cidadãos: grades, muros altos, condomínios fechados. Sem dúvida, a criminalidade é um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade e que ultrapassa a capacidade de uma única ciência. É necessário o desenvolvimento de estudos interdisciplinares. Atualmente, há um pensamento que foca quase que exclusivamente as ações da polícia como forma de reversão dos índices de violência enfrentados pela população. É fato que nenhum estudo sério da criminalidade pode desconsiderar os processos sócio-econômicos e políticos, as desigualdades de classes, os comportamentos, as formas e as concepções das espacialidades e territorialidades urbanas. Todavia, as cidades apresentam, muitas vezes, características físicas que facilitam a prática de delitos. Desde a década de 60, em países de língua inglesa, há estudos voltados para a prevenção do crime através do desenho urbano. O trabalho conhecido como CPTED (Crime Prevention Through Environmental Design – Prevenção do Crime através da Arquitetura Ambiental), desenvolvido por Newman (1973), deu início a uma série de teorias voltadas a esta problemática. Em 2006 surge o tema no Brasil, embora alguns projetos