O declínio do dólar na década de 1970
O encontro de Paris iria acionar uma das maiores especulações cambiais da história. O alvo da especulação era o dólar americano. Em Paris, as discussões giravam em torno da chamada Teoria da Locomotiva, desenvolvida pelos economistas da OECD. De acordo com a Teoria da Locomotiva, os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão tinham de estimular suas economias, através de gastos governamentais, para salvarem o resto do mundo da recessão. O que acontecia naquele momento era que só os Estados Unidos carregavam essa responsabilidade, pois tanto a Alemanha quanto o Japão haviam se recusado a cooperar. Os alemães que em 1923 haviam sofrido muito com a hiperinflação do século, argumentavam que a economia alemã não poderia evoluir mais rapidamente sem expor o país ao risco de criar mais uma inflação, e para evita-la aceitavam crescer num ritmo mais lento. Os japoneses, por sua vez, contentavam- se em ajudar a recuperação mundial com suas exportações de Toyotas e Sony para o resto do mundo. A alta taxa de crescimento econômico dos Estados Unidos significava que o país estava importando maciçamente do resto do mundo, e um dos resultados disso foi um enorme déficit na balança comercial americano, programado para alcançar US$ 30 bilhões no final de 1977.
Desde a adoção das taxas de câmbio flexíveis em 1973, esperava-se que as taxas de câmbio flutuassem livremente segundo as forças da oferta e da procura. Os japoneses desrespeitaram tal regra e mantiveram uma “flutuação suja”, para manter o iene desvalorizado e estimular as exportações. A compra e venda de moedas é um exemplo clássico da lei da oferta e da procura. As moedas que as pessoas querem adquirir mas são escassas tendem a subir, ou seja sofrer uma apreciação em seu valor. Aquelas cuja oferta excede a demanda tendem a ser depreciadas em seus valores. Num mundo de taxas de câmbio flexíveis, o profundo conhecimento do mercado de câmbio tornou- se imprescindível para uma boa performance do balanço das