O Círculo de Cultura na perspectiva intertranscultural
Parafraseando Paulo Freire, diríamos que o currículo intertranscultural não é; o currículo intertranscultural está sendo. Ele nasce na educação intercultural, que pode se constituir numa diretriz essencial para considerarmos e orientarmos a discussão do currículo a partir da diferença cultural e dos seus desdobramentos pedagógicos, filosóficos, antropológicos, sociológicos, psicológicos, lingüísticos, políticos, econômicos etc. Ele surge das possibilidades evidenciadas por Paulo Freire, que nos incentiva a pensar numa escola curiosa — que valoriza a “subjetividade curiosa; prazerosa” — porque nos faz sentir “inteligentes, interferidores” e aprendentes, porque relacionais e seres da mudança. Pensar no currículo intertranscultural significa tomar todos os cuidados para não corrermos o risco de propor um currículo único, modelar. Isso porque ele se constrói na direção de um processo aberto, reflexivo, ético, dialógico, valorativo, criativo, ousado e complexo. Se ele não é e está sendo, teremos diante de nós, mais do que certezas curriculares, o necessário aprofundamento investigativo sobre os meandros do processo de ensino e de aprendizagem, incluindo-se aí todas as dimensões da organização do trabalho da escola, que estará sendo objeto de uma reflexão permanente, em diferentes espaços intertransculturais — salas de aula, corredores, pátio, salas-ambiente, todo e qualquer espaço interno ou externo da escola que permita uma reunião, um encontro entre as pessoas da escola e da comunidade, de forma que se sintam confortáveis e bem recebidas, espaços vários da comunidade, dos vizinhos da escola, das organizações governamentais, não-governamentais, empresariais e não-empresariais, que acreditam e lutam para que se possa construir uma educação intercultural