O COTIDIANO EM QUARTO DE DESPEJO
Eliana Elias Alvim2
Universidade do Estado da Bahia-UNEB
RESUMO
A finalidade deste artigo é observar alguns aspectos do cotidiano a partir da memória de Carolina Maria de Jesus em Quarto de despejo: diário de uma favelada (2004). Neste diário autobiográfico fica evidente não só a figura da autora do diário, mas também se pode apreender uma experiência coletiva, de vozes muitas vezes silenciadas, à margem do discurso relativo às de mulheres.
Apesar da aparente simplicidade com que a lembrança dos acontecimentos é narrada nesta obra, não é só miséria que Carolina vê e registra. Há momentos de sonho, de verdade e sonho de mentira, em seus dias e nos dias dos outros.
"Quarto de Despejo: Diário de uma favelada" resgata e denuncia a realidade da favela do Canindé, em São Paulo, no início da "modernização" da cidade.Em sua obra podemos observar com riqueza de detalhes a vida dos favelados, afinal de contas, era uma visão que vinha de dentro da própria favela, como também a grande luta pela sobrevivência, e nisso Carolina se destacava.Seus cadernos eram cheios pela letra de uma mulher, que mostra o cotidiano autêntico, vivido e a luta pela sobrevivência em meio à miséria.
PALAVRAS-CHAVE: Quarto de despejo. Cotidiano. Mulher.
1 Introdução
Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914, em
Sacramento-MG, cidade onde viveu sua infância e adolescência. Seus pais, provavelmente, migraram do Desemboque para Sacramento quando houve mudança da economia da extração de ouro para as atividades agropecuárias.
Quanto a sua escolaridade em Sacramento, estudou em um colégio espírita, que tinha um trabalho voltado às crianças pobres da cidade, através da ajuda de pessoas influentes. Carolina estudou pouco mais de dois anos. Toda sua educação formal na leitura e escrita é com base neste pouco tempo de estudos. Carolina foi mãe de três filhos: João José de Jesus, José Carlos de
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