a casa dela abaixo de nos
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QUARTO DE DESPEJO: O ESPAÇO NA OBRA DE CAROLINA DE
JESUS
Lara Gabriella Alves dos SANTOS
Valdeci Rezende BORGES
Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão laragabriellapsi@hotmail.com valdecirezborges@yahoo.com.br
Resumo: Este trabalho pretende abordar alguns dos aspectos espaciais da obra Quarto de despejo - diário de uma favelada, da autora Carolina Maria de Jesus, a partir de contribuições teórico-metodológicas da Topoanálise. O texto, em forma de diário, publicado em 1960, apresenta a realidade em que a narradora/personagem viveu na extinta favela do Canindé em
São Paulo e suas impressões sobre esse espaço e seu cotidiano. Espaço esse que se constrói e se valida nas representações sociais da obra de Carolina, que se transforma em documento sociológico legítimo, e é apresentado na narrativa como uma analogia ao que ela intitula quarto de despejo, sendo descrito, por várias vezes, como o inferno. A autora fez-se representante daquele lugar e dos sujeitos que viviam às margens da sociedade, denunciando uma realidade perversa e cruel, que ainda se sustenta nos dias atuais como espaço urbano não reconhecido, a favela.
Palavras- chave: Carolina de Jesus; Espaço; Favela; Identidade.
1. Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais em 14 de março de
1914, vivendo ali até sua adolescência. Mais tarde mudou-se com a mãe para o interior de São
Paulo, indo anos depois para a capital onde trabalhava de doméstica. O trabalho não agradava
Carolina, que mais tarde passou a catar papel. Semi analfabeta, ela estudou somente alguns anos de sua vida, e ainda assim devido à ajuda de uma benfeitora. Mãe de três filhos, nunca veio a se casar.
Carolina pertenceu a um meio que a excluiu por não ser letrada, e não conseguiu se encaixar numa sociedade erudita pela sua historia de vida, foi mulher de muita fibra, consciência racial e social. É uma