O cortiço
IMAGINAÇÃO CRIADORA – O mundo à volta do escritor, tal como é, não o satisfaz. A realidade que o circunda expõe problemas sociais cuja solução independe de sua vontade e fere a sua visão da vida. O que fazer? Criar mundos imaginários, situados no passado ou no futuro, sem as dificuldades cotidianas e familiares.
EXAGERO – O escritor romântico, principalmente o romancista, no afã de criar personagens perfeitas, cai no exagero. Alencar, para criar Iracema ou Peri, não se ateve à realidade indígena brasileira. Assim, a índia (em Iracema) tem lábios de mel, corre mais que uma ema selvagem e tem hálito perfumado (mesmo sem jamais ter escovado os dentes).
Peri (em O Guarani) assemelha-se aos super-heróis das revistas em quadrinhos e do cinema. Não chega a voar, como o Super-Homem, mas é capaz de pegar uma onça viva só para impressionar a namorada (Cecília).
Em A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, Isaura é perfeita, sem um defeito sequer. Em contrapartida, Leôncio, o vilão, atravessa toda a história sem nos mostrar uma única qualidade.
DESEJO DE MORTE – Longe de ser um modismo difundido na Europa, a fuga para a morte tem raízes mais profundas no Romantismo. Morrer aos vinte anos era, na verdade, negar-se a participar das decisões político-sociais que camuflavam injustiças. No Brasil, o jovem envergonhava-se do sistema de escravidão, mas nada podia fazer para mudá-lo. E deste choque entre o mundo sonhado e o mundo real, nascia a idéia de evadir-se para a solidão, para o desespero e para a