O cortiço
QUANDO A POBREZA TOMA CORPO:
ANÁLISE SOCIOLÓGICA DE O CORTIÇO, DE ALUÍZIO
AZEVEDO
Ryanne F. Monteiro BAHIA1
Resumo: O objetivo geral desse trabalho é produzir uma leitura possível sobre a representação do pobre por meio do romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo.
Questiona-se: De que forma o pobre surge sob a perspectiva Aluisiana? Que construtos simbólicos ela define e fortalece? Apresentamos de forma sucinta a filiação intelectual de Aluísio Azevedo: o naturalismo, assim como seu o campo de estudos. Traçamos um paralelo entre ficção e realidade, através da análise de O cortiço, e a comparação com o contexto histórico ao qual a obra se refere. Como pontos de sustentação teórica e material para a análise comparativa entre o discurso elaborado pela literatura e discurso produzido pela abordagem historiográfica, utilizamos a leitura de Marx sobre a inserção compulsória do pobre no sistema capitalista por meio da disciplina, e a abordagem de
Nicolau Sevcenko e Sidney Chalhoub sobre a vivência da população pobre e o processo de favelização iniciado com a eclosão dos cortiços cariocas.
Palavras-chave: Pobreza. O Cortiço. Disciplina.
Introdução
A presença do outro, a convivência entre dominantes e dominados é presença constante em qualquer relação social. No caso da pobreza, essas relações de força, amiúde concorrem para a constituição de um quadro de segregação. Esse estudo tem como objetivo geral estudar as sociabilidades dos pobres no contexto da explosão demográfica, do processo de favelização, no caso do Rio de Janeiro, e a adaptação dos pobres a esse fenômeno. Em um primeiro momento, pensamos o pobre como sujeito a ser disciplinado para os intentos capitalistas. Na primeira parte, utilizamos Karl Marx como aporte teórico e na segunda parte dialogamos com Nicolau Sevcenko, buscando uma comparação entre a representação literária e o discurso historiográfico.
Considerações sobre o pobre na