O cortiço
Só em O cortiço, Aluísio atinou de fato com a fórmula que se ajustava ao seu talento: desistindo de montar um enredo em função de pessoas, ateve-se à sequência de descrições muito precisas onde cenas coletivas e tipos psicologicamente primários fazem, no conjunto, do cortiço a personagem mais convincente do nosso romance naturalista. Existe o quadro, dele derivam as figuras (BOSI, 1994, p. 212).
1) Porque, segundo Alfredo Bosi, o cortiço pode ser considerado o personagem mais convincente do naturalismo brasileiro.
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Leia os trechos abaixo, que descrevem dois comportamentos diferentes do personagem Jerônimo, e responda: “Mas não foram só o seu zelo e a sua habilidade o que o pôs assim para a frente; duas outras coisas contribuíram muito para isso: a força de touro que o tornava respeitado e temido por todo o pessoal dos trabalhadores, como ainda, e talvez, principalmente, a grande seriedade do seu caráter e pureza austera dos seus costumes. Era homem de uma honestidade a toda prova e de uma primitiva simplicidade no seu modo de viver. Saía de casa para o serviço e do serviço para casa, onde nunca ninguém o vira com a mulher senão em boa paz, traziam a filh9nha sempre limpa e bem alimentada, e, tanto um como o outro, eram sempre os primeiros à hora do trabalho” (p. 47). “Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as manhãs, uma xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha. E tragava dois dedos de parati ‘para cortar a friagem. Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho