O corpo

“ O seu corpo – essa casa onde você não mora”

Quando comecei a ler o texto, minha cabeça automaticamente ficou martelando com uma palavra: meditação. Há dois anos pratico a meditação como forma de me reconectar comigo mesma, buscar o reencontro do diálogo entre o meu corpo e minha mente, olhar para dentro.
É incrível parar e perceber como estamos sempre com os olhos abertos, olhando para o mundo, para as pessoas, para as paisagens, para tudo que está além do nosso espaço físico – é instigante ver a dificuldade que muitas pessoas têm em ficar de olhos fechados por mais de alguns segundos. Quando fechamos os olhos para valer, é quando dormimos. E o processo de memórias, lembranças, pensamentos, nos vem através dos sonhos. Mas, nem sempre lembramos daquilo que sonhamos, não é mesmo? E, até mesmo nesse momento, ficamos processando o tanto de informação que nos chega através do nosso olhar. O tempo inteiro em que estamos ali, de olhos abertos para o turbilhão de informações que nos chega, somos estimulados a buscar algo que não somos. A ter aquele cabelo que não nos é natural, a buscar aquela forma física que não foi programada para nós, a ter afeição por algo que, ás vezes, nem mesmo nos toca. Estamos, diariamente, involuntariamente, sendo programados a ser. Mas ser quem não somos.
Talvez isso explique porque pessoas que vão na contramão dessa rotina massacrante são consideradas “alternativas”. Talvez isso explique porque modelos lindas e esbeltas são as que mais sofrem por depressão e baixa autoestima. Talvez explique o fato de nunca estarmos satisfeitos com o que somos e assim buscarmos sempre uma utópica perfeição. Que não chegará. Ufa... Cansativa essas história de se padronizar. E chata também. Penso que seria mais fácil ter uma relação com um espelho, que pelo menos não reclama.
A minha vida inteira fui magra. Nunca tive as pernas saradas que minhas amigas conquistavam com poucos meses de academia, nem mesmo aquele bumbum de deixar os meninos babando.