O CORPO ADOLESCENTE NA ESCOLA
“ESFRIANDO, OBJETIFICANDO E DISCIPLINANDO”: O CORPO ADOLESCENTE NA ESCOLA.
Por Rozana Aparecida de Souza
INTRODUÇÃO
Durante as aulas da disciplina Profissões e Instituições de Saúde o debate sobre corpo foi marcante para algumas análises.
Destaca-se a obra de Maria Henriqueta Luce Kruse (2004), “Os poderes dos corpos frios: das coisas que se ensinam às enfermeiras” que provocou uma reflexão: qual seria o lugar do corpo adolescente na escola. A parir deste questionamento outros trabalhos sobre a construção do objeto de estudo da medicina (“revisitados”) também contribuíram para a elaboração de reflexão teórica sobre “corpo e escola”: Foucault (1994 e 1999), Becker (1992), Good (1997) e Weisz (2006).
O livro de Kruse (2004) é resultado da tese de doutorado em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ao analisar os discursos sobre os corpos a autora mostra como se fabricam esses e como em determinados espaços é necessário “esfriar” os corpos para manuseá-los sem emoção e sem culpa.
Segundo as observações da autora, os indivíduos quando hospitalizados são “despidos” daquilo que tem sido tomado como humanidade e, tratados como se fossem todos iguais: “corpos frios por natureza” (p.15). Segundo Kruse (2004), enquanto profissional de Enfermagem se acostumou com o manuseio do corpo do indivíduo hospitalizado, bem como com os discursos que objetificam este como um “corpo escolar” (p.22): aquele corpo que é objeto de estudo e que é considerado universal.
O corpo ao ser hospitalizado, para Kruse (2004, p.22), transforma-se em um corpo “‘frio’, pois é despojado de tudo aquilo que lhe confere uma determinada identidade e que, portanto, o encarna na história”. É uma estratégia que possibilita o acesso a este corpo, tornando-o mais facilmente manipulado, objeto de uma ação, neste caso das enfermeiras e demais profissionais de um hospital.
Assim como a Enfermagem, a Medicina também “esfria” os corpos de seus pacientes.
Segundo Russo (2006), a