o conceito histórico da infância
Para entender, entretanto, o lugar social que a criança ocupa na sociedade não se pode analisar tais fragmentos de forma isolada. Isso porque cada época irá proferir um discurso que revela seus ideais e expectativas em relação às crianças, tendo esses discursos conseqüências constitutivas sobre um sujeito que está em formação. A intenção, então, é revelar as transformações e orientações dos modos de "ser" da infância ao longo dos tempos, para, a partir do conceito histórico, analisar, através dos instrumentos teóricos e estatísticos, a experiência da criança em seus contatos iniciais ou não com sua sexualidade no mundo contemporâneo que a influencia.
A formulação e desenvolvimento do conceito histórico de infância
A primeira questão que se destaca diz respeito ao "não lugar" que, durante anos, a criança ocupou. Na Idade Média, conforme aponta Philippe Ariès (1978) não havia uma separação clara entre o que seria adequado para crianças e o que seria específico da vivência dos adultos. Ele chegou a essa conclusão através do estudo da iconografia da era medieval até a modernidade, com a qual observou as representações da infância na Europa Ocidental, especialmente na França.
A pesquisa de Ariès mostra que as crianças recebiam tratamento diferenciado apenas nos primeiros anos de vida, enquanto ainda dependiam diretamente dos cuidados das mães ou das amas. Desta forma, essas crianças passavam de um desmame tardio para o mundo dos adultos, onde a transmissão do conhecimento acontecia por intermédio do