O conceito de resiliência no ambiente construído
Lídia Santana
Preliminares
O conceito de resiliência oriundo da Física tem como um de seus precursores o cientista inglês Thomas Young (1807, apud TIMOSHEIBO, 1983) que, pesquisando a relação tensão-compressão, introduziu pela primeira vez a noção de módulo de elasticidade. Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão de barras, buscando a relação entre a força aplicada a um corpo e a deformação nele produzida. Também foi pioneiro na análise de estresses provocados por impactos, e na elaboração de um método para o cálculo dessas forças.
Silva Jr. (1972) denomina resiliência de um material a energia de deformação máxima que ele é capaz de armazenar sem sofrer deformações permanentes. Dita de uma outra maneira, resiliência refere-se à capacidade de um material resistir a esforços sem sofrer deformação plástica ou permanente. Nos materiais, o módulo de resiliência pode ser obtido em laboratório através de medições sucessivas ou da utilização de uma fórmula matemática que relaciona tensão e deformação.
O conceito vem extrapolando as ciências naturais há algumas décadas, aplicando-se a disciplinas das ciências sociais, especialmente aos campos da educação, psicologia e psiquiatria. Nessas disciplinas, o enfoque busca compreender os processos e condições que possibilitam a “superação” de situações de crises e adversidades, tomando-se como características de “pessoa resiliente” a sociabilidade, a criatividade na resolução de problemas e o senso de autonomia e de proposta (YUNES; SZYMANSKI, 2001).
No final da década de 1990, por ocasião do simpósio The City in the World, o conceito de resiliência apareceu pela primeira vez associado ao urbanismo “como base para o planejamento urbano sustentável” (MOFFOTT et al.; 2002:2). Na mesma percepção, o plano Cities PLUS 1 (2003) para a Região da Grande Vancouver (RGV) incorporou resiliência como base para a gestão da incerteza, tornando o conceito “tema