O conceito de infância: do surgimento na Europa aos desdobramentos atuais na sociedade brasileira
Gislaine Lima de Resende
O conceito de infância é uma temática da vida moderna. O interesse pelo estudo da criança e, por conseguinte do sentimento de infância, data da segunda metade do século XX. Este texto objetiva realizar um debate expositivo entre alguns autores, com fim de apresentar aspectos da construção desse conceito por um viés sócio-histórico cultural, de seu surgimento na Europa, à realidade brasileira; passando pelo Brasil Colônia e Império, e trazendo juntamente a esse sentimento de infância uma abordagem sucinta dos aspectos da educação desde o período acima citado chegando enfim a atualidade e seu desafios.
Em tempos da Idade Média não existia essa visão de criança como um ser singular aos adultos. Segundo Philippe Ariès (2006), a passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade. Não existem registros artísticos que representem a criança, anteriores ao século XII. A ideia vigente, com base na iconografia do período levantada por Ariès e apresentada em seu livro Historia Social da Criança e da Família, era a de que as crianças seriam adultos em miniatura, sem qualquer personalidade característica dessa fase, e eram assim representadas. “[...] até o fim do século XIII, não existem crianças caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido” (ARIÈS, 2006, p.18).
No que diz respeito ao sentimento da singularidade com relação às necessidades da criança, quando este passou a existir, tratava-se do necessário a sobrevivência enquanto o pequeno ainda não podia se manter por si só, seguido por uma inserção abrupta à vida adulta. Mas acontece que muita das vezes essas crianças não completavam o primeiro ano: ‘Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era