O conceito de Habitus e de Campo
CAMPO
Sob a ótica de Pierre Félix Bourdieu
ORIGEM DO HABITUS
O conceito de habitus tem uma longa história nas ciências humanas (Héron, 1987). Palavra latina utilizada pela tradição escolástica, traduz a noção grega hexis utilizada por Aristóteles para designar então características do corpo e da alma adquiridas em um processo de aprendizagem. Bem mais tarde foi também utilizada por
Émile Durkheim, no livro A evolução pedagógica (1995), adquirindo sentido semelhante, mas bem mais explícito. Ou seja, Durkheim faz uso do conceito para designar um estado geral dos indivíduos, estado interior e profundo, que orienta suas ações de forma durável (Setton, p. 61, 2002).
A problemática que permeia a obra de Bourdieu - a compreensão da ordem social de maneira que ela fique entre o objetivismo e o subjetivismo. O objetivismo tende a tornar a estrutura /realidade social transcendente ao indivíduo. Como algo que determina as ações individuais de fora para dentro. (Silva, p. 93, 2008)
O objetivismo constrói as relações objetivas que estruturam as práticas individuais. (Ortiz, p. 8, 1983)
O subjetivismo tende a ver a ordem social como produto consciente e intencional da ação individual: as ações são determinadas de dentro para fora. (Silva, p. 93, 2008)
Na tentativa de superar essa dicotomia, Bourdieu propõe o conhecimento praxiológico. (Silva, p. 93, 2008)
Este conhecimento tem como objeto compreender a articulação entre o plano de ação, intencional ou das práticas subjetivas e o plano das estruturas; investigar as relações dialéticas entre estrutura e ator e investigar o processo de interiorização da exterioridade e a exteriorização da interioridade. (Silva, p. 93, 2008)
Segundo Bourdieu, o mundo social é objeto de três modos de conhecimento teórico. O fenomenológico, que considera: [...] a verdade da experiência primeira do mundo social, isto é, a relação de familiaridade com o meio familiar, apreensão do