O cidadão de papel - resenha crítica
Patrícia Menegazzi Caseiro
Sem dúvida, o livro "O Cidadão de Papel" (2ª edição), apesar de ter sido escrito no ano de 1994, retrata com fidelidade uma realidade cruel que ainda vivemos no Brasil: o descaso do Estado com nossas crianças.
O autor tem como seu maior objetivo desvendar as engrenagens que produzem uma "cidadania de papel".
O título, extremamente sugestivo, coloca em foco a distância que ainda estamos da verdadeira democracia. Segundo o autor, a verdadeira democracia implica o total respeito aos direitos humanos, o que ainda não ocorre em nosso país. Para ele, vivenciamos uma cidadania aparente, uma cidadania que está apenas no papel.
Dentre as engrenagens que produzem esse tipo de cidadania, estão o desemprego, a falta de escola, a desnutrição, o desrespeito sistemático aos direitos humanos. Todos eles, quando vistos pelo lado da infância, mostram a verdadeira realidade do país. É o melhor indicador do desenvolvimento de uma nação.
Segundo o autor, a infância revela melhor a realidade de um país que o ritmo de crescimento econômico ou a renda per capita, pois a criança é o elo mais frágil da cadeia social. “Nenhuma nação conseguiu progredir sem investir na educação”, o que significa investir na infância. A infância é o espelho do estágio de desenvolvimento econômico, político e social de um país.
O autor mostra com muita propriedade, com dados estatísticos da época de edição do livro (que perceptivelmente não demonstra uma realidade diferente da vivenciada hoje, 17 anos depois), que existe uma relação, a qual chama de "rede", entre (i) o mercado de trabalho, com profissionais frustrados, pois ganham pouco e não conseguem exercer sua profissão de forma digna, (ii) a crise no ensino superior, (iii) a violência nas ruas e (iv) o assassinato de crianças.
Chama de catástrofe silenciosa o ciclo formado entre a