O caso do projeto “balde cheio” da embrapa
Representações e práticas tradicionais diante da inovação tecnológica: o caso do projeto “Balde Cheio” da Embrapa
Sonise dos Santos Medeiros Pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste na área de Desenvolvimento Humano, com mestrado no Programa de Engenharia Ambiental da Universidade de São Paulo – USP. Endereço para correspondência: rua D. Pedro II, 225, bl 01, apto. 301, Bairro Vila Monteiro, Cep. 13560-320 – São Carlos - SP sonise2@terra.com.br Norma Felicidade L. da Silva Valencio Docente do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar. Endereço para correspondência: rua da Imprensa, 240, apto. 23, Bairro Vila Faria, Cep. 13569-007 São Carlos - SP normaf@terra.com.br Recebido em 01/2008. Aceito em 05/2008.
Introdução A Embrapa Pecuária Sudeste, empresa pública de pesquisa agropecuária, tem por missão institucional produzir tecnologias que promovam a competitividade e o desenvolvimento da pecuária da região Sudeste (EMBRAPA, 2005:21). Tais tecnologias tomam materialidade na forma de projetos de inovação de produtos e processos, dentre os quais, aqueles voltados para o agricultor familiar da pecuária de leite. No programa institucional denominado Macroprograma 6 - Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura Familiar e à Sustentabilidade do Meio Rural - as ações estão “(...) voltadas para fornecer suporte a iniciativas de desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e de comunidades tradicionais, na perspectiva de agregação de valor (...)” (EMBRAPA, 2004:2, grifo nosso), donde se supõe que o conteúdo da interação dessa instituição com os produtores tenda a uma dialogicidade em busca do fortalecimento das relações com o mercado para cumprir a aspiração do último. Como suposição, é passível de questionamento. Se remontarmos a trajetória das últimas décadas, prevaleceu, no Brasil, uma relação hierárquica na qual os agentes modernizadores dissolveram as condições
136 materiais de reprodução social da agricultura familiar. Os conflitos pela imposição de