O CABOCLO
“Em certo sentido, o caboclo pode ser visto ainda como resultado da interiorização do mundo branco pelo Tukúna, dividida que esta sua consciência em duas: uma voltada para os seus ancestrais, outra, para os poderosos homens que o circundam.” (OLIVEIRA, Roberto Cardoso de, 1996. pag. 117).
A ideologia do “caboclismo” consiste na situação imposta aos índios a negar sua identidade étnica por estarem submetidos ao processo alienador da integração nacional chamado aqui de fricção Interétnica, ou seja, o termo “fricção” representa os interesses e as forças contraditórias envolvidas na situação de contato entre duas sociedades (os índios e os brancos). Não significa o desaparecimento da cultura indígena e sim, o surgimento de uma nova categoria social, o “caboclo” que representa o índio “transfigurado” pelo contato com “o branco”. Percebe-se a relação entre as duas sociedades, indígena e nacional em que uma impõe sua cultura sobre outra, que, por sua vez, absorve os novos costumes e se descaracteriza, ou seja, a sociedade nacional configura-se, nessa visão, como dominante sobre a sociedade tribal, que, ao ser inserido nessa outra mais poderosa, acaba por perder sua autonomia progressivamente.
Para o autor, Roberto Cardoso de Oliveira, as mudanças que foram constatadas nas comunidades indígenas fazem parte de um processo de transformação e que levou a sociedade indígena a formar a classe dos “caboclos”, mantendo alguns costumes e adquirindo outros vários costumes da “civilização”, isto é, “imitação” de costumes alheios.
“O caboclo é, num certo sentido, a própria