O beneplácito da desigualdade: breve digressão sobre racismo
A concordância da desigualdade é fazer com que comece a concordar com diversas maneiras para classificar indivíduos e grupos socialmente desqualificados. No caso da sociedade brasileira, entre estes indivíduos, encontra-se a população negra; os africanos desde que desembarcaram em solo nacional foram considerados inferiores, bárbaros, incapazes. Não há espaço para negros, indígenas e mestiços, classificados ao longo dos séculos, cada vez com maior sutileza, como pertencentes a raças bárbaras. A nação imaginada pelo nacionalismo racialização, portanto, não tinha espaço para negros, nem mesmo para indígenas ou mestiços que, na hierarquia biológica dos esquemas classificatórios fenotípicos, estavam mais próximos das raças bárbaras O conceito de bárbaro, aplicado de diferentes maneiras, tem um sentido comum a todos os usos: a implicação de inferioridade, a palavra bárbara se tornou denotativa de desigualdade cultural e incivilidade. As especulações sobre o lugar do homem na natureza levaram, invariavelmente, a barbarizarão daqueles que, pela aparência física ou pela cultura, eram diferentes dos brancos europeus. O único motivo pelo qual os povos são bárbaros é o fato de os seus costumes serem diferentes daqueles que eram considerados superiores.
Ensaístas como Gobineau, pensadores e cientistas de diferentes áreas do conhecimento sucumbiram aos determinismos raciais, dividindo a humanidade em tipos superiores e inferiores e condenando a miscigenação. Eles concluíram então que alguns grupos humanos eram fortes e outros fracos. Os fortes teriam herdado certas características que os tornavam superiores e os autorizavam a comandar e explorar outros povos. Por sua vez, os fracos teriam outras características que os tornavam naturalmente inferiores e, portanto, predestinados a ser comandados. Desse modo, diferenças de tipo físico passaram a ser utilizadas para classificar os seres humanos.