O baile
A história é filmada em um único cenário - o salão de dança - o que poderia fazer com que se caísse na armadilha da teatralidade rebuscada. No entanto, a ausência de diálogos, os grandes planos das fisionomias e expressões dos actores, a ligação dos planos e o tratamento da banda sonora, conferem ao filme um carácter cinematográfico em que o teatro é unicamente o ponto de partida.
O filme permite ainda ao espectador identificar as sucessivas caricaturas que lhe vão sendo apresentadas: as personagens do tímido, do abusador, do auto-convencido, do intriguista, do bajulador, dos marginais, do símbolo de autoridade, do poder assumido e da repressão. O mesmo se dá com as diferentes personagens femininas.[2]. Todas elas se vão identificando com os factos e os contextos de cada uma das épocas retratadas.
Para além de toda a emoção que o filme transmite, realce-se o toque de humor através de uma sequência de gags inesperados. Contudo, são também marcantes as alusões políticas, como acontece com a ocupação nazista e com o Maio de 1968.
Começado a ser realizado em agosto de 1982, a rodagem teve de ser interrompida por Scola ter sofrido um ataque cardíaco e só foi retomada uns meses depois.