O Arco e o Cesto
CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. In Rio de Janeiro, 1978.
O Arco e o Cesto.
Por Luz Sylva*
O texto O Arco e o Cesto, extraído do quinto capitulo do livro A Sociedade contra o
Estado de Pierre Clastres, faz uma análise da cultura Guaiaqui
dando ênfase na
dimensão simbólica que atua na vida social da tribo.
Clastres inicia o texto falando que a Tribo dos Guaiaqui são nômades e que a vida social da tribo é bem dividida, o homem cuida da derrubada da mata e da caça e a mulher se encarrega de plantar e cuidar da família.
O autor explica a importância do arco e do cesto, que é símbolo de masculinidade e feminilidade. Ele diz que desde pequenos os índios recebem de seus pais, se forem meninos o arco e se forem meninas o cesto, e ainda que esses símbolos são sagrados, o homem não pode tocar no cesto da mulher e nem a mulher tocar no arco do homem. Caso a mulher toque no arco, o homem tem pané maldição azar na caça.
Pierre cita o exemplo de dois índios que eram panema e carregavam o cesto.
Chaehubutawachugi era panema e carregava o cesto, ele não possuía arco, sendo viúvo e panema nenhuma mulher da tribo se interessava por ele. Chaehubutawachugi era motivo de piada na tribo. O segundo era bem diferente, Krembégi vivia como as mulheres, sua semelhança era de mulher e ele fazia trabalhos femininos, ele era homossexual porque era panema.
Clastres relata que os ache tinha atitudes diferentes com relação a cada um dos dois que carregavam cesto. Chaehubutawachugi era humilhado por ser caçador e não poder caçar por causa da pané. Krembégi era respeitado pela sua incapacidade na caça.
O autor enfatiza a importância do canto na sociedade guaiaqui, a mulher canta de dia, ela canta a realidade sofrida, saudação chorosa, num tom queixoso, com voz forte, agachadas e com o rosto escondido nas mãos, as mulheres cantavam juntas. Já os homens cantava na parte da noite, sozinhos, eles