Texto original e Marshall Sahlins
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A história é ordenada culturalmente de diferentes modos nas diversas sociedades, de acordo com os esquemas de significação das coisas. O contrário também é verdadeiro: esquemas culturais são ordenados historicamente porque, em maior ou menor grau, os significados são reavaliados quando realizados na prática. A síntese desses contrários desdobra-se nas ações criativas dos sujeitos históricos, ou seja, as pessoas envolvidas. Porque, por um lado, as pessoas organizam seus projetos e dão sentido aos objetos partindo das compreensões preexistentes da ordem cultural.
Nesses termos, a cultura é historicamente reproduzida na ação.
Mais adiante, cito uma observação de Clifford Geertz, para quem um evento é uma atualização única de um fenómeno geral, uma realização contingente do padrão cultural — o que poderia ser uma boa caracterização tout court da própria história. Por outro lado, entretanto, como as circunstâncias contingentes da ação não se conformam necessariaéiente aos significados que lhes são atribuídos por grupos específicos, sabe-se que os homens criativamente repensam seus esquemas convencionais. É nesses termos que a cultura é alterada historicamente na ação. Poderíamos até falar de "transformação estrutural", pois a alteração de alguns sentidos muda a relação de posição entre as categorias culturais, havendo assim uma "mudança sistémica".
São essas as ideias principais dos ensaios aqui reunidos e que podem ser resumidos pela seguinte afirmação: o que os an-
8 ilhas de história tropólogos chamam de "estrutura" — as relações simbólicas de ordem cultural — é um objeto histórico.
Essa afirmação cancela de modo explícito a oposição de noção, encontrada por toda parte nas ciências humanas, entre
"estrutura" e "história". Tenho observado entre teóricos do "sistema mundial" a seguinte proposição: dado que as sociedades tradicionais que os antropólogos habitualmente estudam são submetidas a mudanças radicais, impostas externamente pela expansão