O Apolinio e o Dionisiaco no pensamento de Nietzsche
RESUMO: A reflexão de Nietzsche é essencialmente pautada na crença em uma ordem racional do mundo, na qual se busca conhecer a realidade de forma mais profunda possível. Seus argumentos não têm como objetivo serem verdades supremas, mas se mostram como forma de conhecer a realidade a partir da dúvida e de um estudo mais sistemático da mesma. Por isso, toda a sua obra é marcada por uma profunda influência da cultura grega clássica, porém não apenas pelas indagações de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, mas também, e principalmente, pelas filosofias dos pré-socráticos e dos autores trágicos gregos (COLLI, 2000).
E é justamente nessa cultura grega Trágica que o filósofo busca os conceitos de Apolíneo e Dionisíaco, representados pelos deuses gregos Apolo (deus do Sol) e Dioniso (deus do vinho), para compreender a vida e suas inumeráveis possibilidades. Dessa forma, a presente comunicação pretende explorar como esses dois conceitos essenciais se articulam na reflexão de Nietzsche, procurando distinguir seus momentos fundamentais e quais suas implicações para a vida humana (MARIANI, 2013). Giogio Colli, no livro Escritos sobre Nietzsche, traz a consideração de que é somente no livro “A visão dionisíaca do mundo, escrito durante o verão de 1870, que as categorias estéticas do apolíneo e do dionisíaco são resolutamente introduzidas” (apud NIETZSCHE, 1988, p.2). Temos aqui a primeira aparição e a primeira afirmação sobre estes termos: os conceitos de apolíneo e dionisíaco são, sobretudo, conceitos estéticos e artísticos. Isto porque os dois deuses, cada um a sua maneira, são deuses da arte. E é na obra supracitada que a “visão artística do mundo de Nietzsche encontra pela primeira vez, um acabamento fértil de ressonâncias em todo mundo do pensamento e da arte, manifestando, em seu primeiro brilho, toda a força de sua originalidade” (COLLI, 2000). É essa visão artística do mundo que se constitui como