O amor à palavra e o estudo da linguagem na aula de português

O AMOR À PALAVRA E O ESTUDO DA LINGUAGEM NA AULA DE PORTUGUÊS

Nós, professores, podemos despertar promessas de futuro amor ao texto literário. Nosso caminho começa por ensinar aos alunos a necessidade de amar a palavra

José Luís Marques López Landeira*

* Professor de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa no Instituo Paulo Freire (IPF) e no Centro Universitário Nove de Julho (UniNove). Autor da coleção didática de Língua Portuguesa (Ensino Médio) da Rede Salesiana de Escolas.

O objetivo deste artigo é discutir o papel do professor de Língua Portuguesa como agente que desperta em seus alunos o amor à leitura literária. De antemão aviso: não se ensina alguém a amar. Meu caro leitor pode deduzir então que não se ensina o amor à palavra, a gostar de ler, muito menos a literatura. No entanto, pode-se ensinar a necessidade de amar. O amor nos resgata. No amor ensaiamos trocar as solidões vendo-nos como uma continuidade de outros que nos constituem a nós mesmos (ORTEGA Y GASSET, 1973: 256). Necessitamos amar para saber quem somos e somente podemos ser em ação. O amor é necessidade fundamental do ser humano. Precisamos amar para termos identidade. O amor em seu sentido pleno se articula com a racionalidade. Amor que se descobre no objeto amado, preservando-o fora de si mesmo e ao seu lado (BAJTIN, 1997: 142), por isso mesmo, ressignificando as fronteiras. Amar a leitura é reconhecer-se como continuidade do que se lê, ainda que se atribua ao texto uma presença alheia ao leitor. O amor, nesse caso, atravessa-se pela razão, surgindo de uma outra lógica que vai além daquela veiculada nas propagandas que poluem a cidade. Uma breve caminhada pela Avenida Paulista, na agitada cidade de São Paulo, e salta-nos aos olhos o conceito simplista e saturado de superficialidade do que representa, para muitos, o amor. Um anúncio feito por uma fast-food: “Quem ama X merece batatas fritas grátis”. A seguir, explica-se ao incauto transeunte que, durante