O absurdo e a revolta em Camus
O ABSURDO E A REVOLTA EM CAMUS
José João Neves Barbosa Vicente* josebvicente@bol.com.br Frances Deizer Gontijo** francis_gontijo@yahoo.com.br RESUMO: O presente artigo propõe analisar os conceitos de absurdo e de revolta na obra O homem revoltado (1999) de Albert Camus no intuito de mostrar que, no primeiro conceito existe um “eu” solitário, no segundo, um “eu” solidário. A análise incidirá essencialmente sobre o conceito de revolta porque é este que torna o “eu” solidário, instituindo o pensamento ético em Camus.
PALAVRAS-CHAVE: Absurdo; Revolta; Liberdade; Deus; O outro.
ABSTRACT: The present article proposes to analyze the concepts of absurdity and revolt in the work the rebelled man (1999) of Albert Camus in intention to show that, in the first concept exists one
“solitary I”, in the one second, one “solidary I”. The analysis will happen essentially on the revolt concept because he is that returns “solidary I”, instituting the ethical thought in Camus.
KEYWORDS: Absurdity; Revolt; Freedom; God; The other
Toda a obra de Camus é permeada pela presença do absurdo e da revolta. No entanto, em O homem revoltado (1999) esses conceitos são tomados como interrogações filosóficas. A obra mais refletida do filósofo, O homem revoltado é o resultado de toda sua experiência de filósofo, escritor e homem. Diferente das práticas filosóficas que defendem sistemas teóricos abstratos, Camus escolhe defender os seres humanos através de um humanismo sincero. O
“eu” e o “outro” são colocados em perfeita equidade e o intento da obra é manifesto na introdução: Nada saberemos, enquanto não soubermos se temos o direito de matar este outro que se acha diante de nós ou de consentir que seja morto. Já que atualmente qualquer ação conduz ao assassinato (...), não podemos agir antes de saber se, e por que, devemos ocasionar a morte.1
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Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Professor Assistente de Filosofia da
Universidade