Notas sobre o efeito de absurdo na obra O Estrangeiro de Albert Camus
“Notas sobre o efeito de absurdo na obra O Estrangeiro de
Albert Camus”
Estagiário: Rômulo Titton Dezen
Orientadora: Profa Dra Flávia Nascimento
Parte I – O contexto de Albert Camus na literatura francesa do século XX
O período pós-guerra, em que se insere Albert Camus, é chamado, na França, de
“geração deserdada” da literatura, pois naquele momento a Europa se recuperava dos desgastes que havia sofrido. Entretanto, os indivíduos dessa geração “pós-guerra” se mostravam inteiramente dispostos a construir (ou reconstruir) um mundo sobre as ruínas deixadas pelo conflito.
Observada essa circunstância, vê-se que Albert Camus e seus contemporâneos estavam sós frente às suas vontades de produção literária. Deste modo, fez-se do talento de escrever uma profissão, um ofício. Os escritores desse período, diante disso, escreveram para vender, em contraste com outras épocas em que vários escritores escreviam para si mesmos e tinham apoio e influência de anteriores.1 O fato de
“escrever para vender” implica de certo modo na sobriedade linguística encontrada na obra camusiana, visto que livros mais fantasiosos ou exóticos só despertariam o interesse de pequena parcela dos leitores, ocasionando em menor venda.
1
Parafraseado de BARRETTO, Vicente. Camus: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1991.
Camus viveu concretamente problemas como a fome, proveniente da crise de
1929; a morte de seu pai agricultor na primeira guerra mundial, os expurgos dos processos de Moscou de 1936, a Guerra Civil Espanhola; a subida ao poder e as vitórias de Hitler na Alemanha. Neste último momento, participou ativamente do Partido
Comunista na França, no qual era clandestino; e, da mesma forma, se engajou na segunda guerra mundial. Além disso, teve vivência direta no drama de independência da
Argélia, viu a relação França-Argélia ser enfraquecida e, em seguida, sua correspondente eclosão na violenta repressão francesa.
Da sua