Liberdade e Determinismo
Liberdade é uma capacidade de dispor de si para atuar no tempo e no espaço. Quando o Estado é centralizado e coletivista, a luta pela liberdade individual vai ser mais difícil. Já numa sociedade que permite a liberdade religiosa e estética, por exemplo, ocorrerá com mais facilidade. Certamente, resistência sempre haverá. Dessa maneira, a liberdade pode ser encarada como uma forma de oposição à coação e determinismo que a sociedade exerce sobre os indivíduos. “Nossa tarefa principal é dar nascimento a nós mesmos”, diz o pensador humanista Eric Fromm (1900-1980). Ou o que refletiu o autor mineiro Guimarães Rosa (1908- 1967), com o seu talento peculiar, na magistral obra Grande Sertão: Veredas, de 1956: “(…) liberdade – aposto – ainda é só alegria de um pobre caminhozinho, no dentro do ferro de grandes prisões. Tem uma verdade que se carece de aprender, do encoberto, e que ninguém não ensina: o beco para a liberdade se fazer”.
E o preço a ser pago pela rebeldia de ser livre pode ser muitas vezes a solidão, explica Arruda. O francês Michel de Montaigne (1533-1592), nos seus Ensaios, dá a sua explicação para a inadequação diante dos outros ao abordar a postura dos europeus ao se depararem com o diferente no novo continente, a América.
“O homem rotula de bárbaro qualquer coisa a que não está acostumado”, escreve, tendo em vista os costumes vigentes em cada época.
E esclarece que a melhor maneira de se avaliar um comportamento deveria ser através de uma análise criteriosa no lugar da muleta intelectual que é o preconceito. O escritor suíço Alain De Botton, no seu Consolações da Filosofia, diz que a frustração de Montaigne era causada por aqueles que levianamente não diferenciavam o que não é familiar daquilo quenão é adequado. E, agindo assim, ignoram o ensinamento do filósofo Sócrates (470-399 a.C.) de que, ao ser questionado sobre o que sabia, dizia que nada sabia, apesar da sua fama de ser um dos homens mais sábios da época. Assim,