G NERO E REPRODU O
Todas as sociedades humanas dividem suas populações em duas categorias sociais, denominadas “masculina” e “feminina”. Cada uma delas baseia-se em uma série de presunções – retiradas da cultura em que ocorrem – sobre os diferentes atributos, crenças e comportamentos característicos dos indivíduos nela incluídos.
Para ilustrar esse ponto, o presente capitulo vai examinar dois assuntos separados, embora inter-relacionados: a pesquisa antropológica sobre o gênero e sua relação com saúde e cuidados de saúde e a gravidez e o parto sob uma perspectiva transcultural.
GÊNERO
A controvérsia “natureza” versus “cultura”
Um dos debates básicos do pensamento social, especialmente desde o século passado é a controvérsia natureza (nature) versus imperativo cultural (nuture) – que, em antropologia, equivale ao debate entre as ideias de “natureza” e de “cultura”.
A “natureza” era conceitualizada como enraizada na biologia e como algo fixo, universal e imutável, enquanto a “cultura” era vista como a influência do ambiente (social e cultural) e, assim, mais mutável e mais dependente dos contextos locais.
Hoje em dia, esse tipo de debate é bem mais brando, ao menos nos círculos acadêmicos, e a maioria dos antropólogos rejeita tanto o determinismo biológico extremo quanto o determinismo ambiental extremo. Em vez disso, para explicar o comportamento humano, eles observam a interação complexa (dentro de um ambiente específico) entre cultura, ecologia e estrutura social, além da natureza psicobiológica dos seres humanos.
Além do mais, esse modo de pensar, assim como a divisão conceitual do mundo nessas duas categorias de valores, não é encontrado na mesma medida em outras partes do mundo.
Eles também destacam as implicações sociais dessa divisão, pois, no pensamento ocidental, a cultura geralmente é considerada superior e mais humana do que a natureza.
Em todas as sociedades, homens e mulheres possuem formas corporais e ciclos fisiológicos diferentes; as mulheres