As cidades de Darel e a abstração na década de 1960.
Vitor Hugo Gorino Doutorando pelo programa de pós-graduação do Instituto de Artes da Unicamp
A década de 1950 condensou eventos de grande significância que alavancaram a gravura moderna brasileira a um patamar de destaque internacional. Nela culminam transformações iniciadas trinta anos antes nos veículos institucionais de produção e divulgação da arte, e de difusão cultural no país. Estas impactam então de maneira inédita a produção de arte em função de um processo e de um conceito que buscavam se alinhar: modernização e modernidade. O complexo mecanismo que impulsionou a gravura brasileira e reposicionou a figura do gravador diante do circuito de arte pode ser mais bem discutido se abordado considerando-se os diferentes campos pelos quais a gravura se propaga. Há o papel das instituições oficiais e extraoficiais na difusão da gravura, de alguns de seus personagens em particular, das ramificações comerciais e da ampliação de um mercado receptivo à gravura artística, para elencar apenas alguns. Por esse tecido transcorrem indícios das transformações no artista que produz gravura no Brasil ao longo do século XX. E que, com igual importância, reexamina a própria compreensão da linguagem da gravura, de seus meios e de suas aplicações.
Esse direcionamento permite-nos contemplar as possibilidades da gravura brasileira como uma produção moderna, para alguns, mais genuinamente moderna do que a própria vanguarda da semana de 1922, com a qual tece um relacionamento tão intrincado quanto indissolúvel. Assim, é sobre o status quo da gravura moderna, difundida e bem estabelecida junto às demais artes brasileiras e também internacionalmente, na segunda metade do século XX que retornamos às figuras pioneiras de Carlos Oswald, Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, como principais introdutores da gravura de cunho artístico no Brasil. Suas atuações dão continuidade a um processo que aprimorou o papel utilitário da gravura, e