A ética romântica e o espírito do consumismo moderno
Tatiana Martins Montenegro
Ao escrever “A ética romântica e o espírito do consumismo moderno”, Campbell inicialmente debruçou-se na obra de Max Weber “A ética protestante e o espírito do capitalismo moderno”. Os títulos semelhantes não representam coincidência textual, mas complementação textual, como Campbell preferiria afirmar.
Weber, em sua produção, relaciona os mandamentos da teoria calvinista com a atitude social capitalista. A Igreja Católica condenava a busca racional do lucro enquanto o calvinismo considerava o enriquecimento uma consequência positiva, uma benção de Deus aos homens.
Enquanto Weber buscava as respostas sobre a origem do capitalismo na religião, Campbell aguçava uma outra teoria. Esta, menos no racional e mais voltada para o emocional. Para o autor, a origem do consumismo encontra-se ligada ao romântico. A fim de explicar a teoria, Campbell desenvolve a obra que será comentada neste estudo. O teórico salienta ainda a carência de pesquisas relacionando o consumo ao âmbito emocional do indivíduo.
Fenômenos como a moda, o amor romântico, o gosto e a literatura de ficção já foram desprezados por muitos pesquisadores, contudo, Campbell os considera importantes para a compreensão do consumismo moderno e, por consequência, da sociedade.
Aparentemente, o consumo e o romântico são termos que se opõe. O romântico representa paixão, entrega, envolvimento, algo especial. Já o consumo, relaciona-se a objetos comuns, referentes ao cotidiano, ao supérfluo, irrisório. A propaganda é o fenômeno da contemporaneidade responsável por interligar o romântico ao consumo, isto é, transforma algo dispensável em aparente indispensável. Agregar romance ao produto é, portanto, um meio de agregar valor.
Muitas propagandas são realizadas sem a apresentação do produto. Utilizam apenas conceitos românticos, como demonstrações de afeto e paixão.