O mundo dos bens
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Por que as pessoas querem bens?
No final da década de setenta, Mary Douglas e Baron Isherwood publicam, na Inglaterra, “O Mundo dos Bens”. Propondo novas lentes para ver as relações de consumo (relações de sujeitos com os objetos, e sobretudo de sujeitos entre si), dão direções precisas para os estudos nessa área. A publicação estabelece a pedra fundamental para o desenvolvimento, nas décadas seguintes, de uma linhagem de pensadores sociais que vão compreender o consumo como fenômeno chave para a análise de relações sociais e sistemas simbólicos.
O livro surge como uma proposta e como uma dupla crítica: aos postulados da economia neo-clássica, centrados no utilitarismo, racionalidade e maximização de ganhos, e as teorias de emulação estabelecidas a partir de Veblen. O caráter meramente utilitário do consumo já havia sido de alguma forma posto a prova dentro da teoria econômica. Com Veblen o consumo deixa de representar a simples satisfação racional de necessidades práticas e orgânicas. Ele permanece, contudo, sendo visto sob uma ótica de base moralizante, que relaciona o mundo das coisas materiais à futilidade. O consumidor já havia saído do domínio da necessidade, mas, pendendo para o lado oposto, torna-se quase irracional no jogo da emulação e da escalada pelo status, consumindo de acordo com motivações que dizem respeito exclusivamente a imitar ou copiar gostos das classes mais altas.
Através de sua crítica, Mary Douglas e Baron Isherwood apontam, sobretudo, para as dimensões culturais e simbólicas do consumo, e para a diversidade de motivações no que concerne o ato de consumir. Escrito por uma antropóloga e por um economista, o livro dá conta de uma ampla revisão das teorias econômicas sobre o consumo – trazendo seus principais argumentos e de seus críticos. Além disso, estabelece comparações ricas entre