O Romantismo Revolucion Rio De Maio 68
[Tradução: Celuy Roberta Hundzinski]
O espírito de 68 é uma bebida potente, uma mistura apimentada e desejável, um coquetel explosivo composto por diversos ingredientes. Um de seus componentes – e não o menor – é o romantismo revolucionário, ou seja, um protesto cultural contra os fundamentos da civilização industrial/capitalista moderna, seu produtivismo e seu consumismo, e uma associação singular única e sem gênero, entre subjetividade, desejo e utopia – o “triângulo conceitual” que define, segundo Luisa Passerine, 1968.[1]
O romantismo não é, somente, uma escola literária do início do século XIX – como se pode, ainda, ler em vários manuais – mas uma das principais formas da cultura moderna. Enquanto estrutura sensível e visão de mundo, ele se manifesta em todas as esferas da vida cultural – literatura, poesia, arte, música, religião, filosofia, idéias políticas, antropologia, historiografia e as outras ciências sociais. Seguiu na metade do século XVIII – pode-se considerar Jean-Jacques Rousseau como “o primeiro dos românticos” -, corre através da Frühromantik alemã, Hölderlin, Chateaubriand, Hugo, os pré-rafaelistas ingleses, William
Morris, o simbolismo, o surrealismo e o situacionismo, e está, ainda, conosco, no início do século XXI.
Pode ser definido como uma revolta contra a sociedade capitalista moderna, em nome de valores sociais e culturais do passado, pré-modernos, e um protesto contra o desencantamento moderno do mundo, a dissolução individualista/competitiva das comunidades humanas, e o triunfo da mecanização, mercantilização, reificação e quantificação. Rasgado entre sua nostalgia do passado e seus sonhos de futuro, pode tomar formas regressivas e reacionárias, propondo um retorno às formas de vida précapitalistas, ou uma forma revolucionária/utópica, que não preconiza uma volta, mas um desvio pelo passado em direção ao futuro; neste caso, a nostalgia do paraíso perdido é investida na