A ética de hengel
Moderna: Hegel (Parte II)
Ética e Política em Hegel
Para Hegel a política, enquanto práxis que realiza a liberdade através do agenciamento do poder público, repousa sobre a ética ou, mais especificamente, sobre o que o filósofo conceituou como a substância ética. Hegel irá argumentar, de modo vigoroso, contra a interpretação, corrente no seu tempo, segundo a qual a política autêntica deveria ser assegurada pela “áurea” da moral. Ele afirma:
Muito se tem dito sobre a oposição entre a moral e a política e sobre a exigência de que a segunda seja conforme à primeira. Devemos, no entanto, observar de maneira geral, que o bemestar de um Estado tem uma outra instituição jurídica que o bem-estar do indivíduo-singular e que a substância ética, o Estado, tem imediatamente seu ser-aí, isto é, seu direito, não em uma existência abstrata, mas em uma existência concreta; somente esta existência concreta, e não um dos múltiplos pensamentos universais que se tem por preceitos morais, pode ser princípio de sua ação e de sua conduta. Tratando-se do presumido caráter injusto que sempre corresponderia à política nesta oposição à moral, este ponto de vista se baseia na superficialidade das representações acerca da moralidade, da natureza do Estado e da relação deste com o ponto de vista moral. (Hegel, Principios, § 337, Remarque)
Vemos então que a consciência substancial, como fundamento da vida ética na reflexão hegeliana, não nega propriamente o ponto de vista moral, mas apenas não concede a este a determinação do que seja o bem comum. Como bem exprimiu Robert Pippin (2001, p. 70): “Hegel afirmou que o que é um bem para os homens há de estar em relação com os outros, dentro de certas instituições”.
A noção de substância ética se constitui através da atividade prática daqueles que pertencem à comunidade política, a qual deve reconhecer a liberdade e a racionalidade de seus membros, isto é, as razões que estes apresentam para o que forma