A África na sala de aula: visita à história contemporânea.
PREFÁCIO (Mia Couto)
“A África vive uma tripla condição restritiva: prisioneira de um passado inventado por outros, amarrada a um presente imposto pelo exterior e, ainda, refém de metas construídas por instituições internacionais que comandam a economia” (p. 11)
Mia Couto, atenta para as grandes problemáticas que o ensino de História da África vem sofrendo, primeiramente por ser uma história construídas por outros, que muitas vezes são completos estranhos, faz com que se crie um imaginário de que a identidade do povo africano esteja ligado a questão racial, levando até mesmo que os próprios africanos acreditem nisso e por isso se categorizem de forma simples, reduzindo-se apenas a sua cor de pele. Dentro dessa perspectiva nos deparamos com um erro afrocentrista partilhado com o racismo, ambos simplificam a diversidade existente no continente africano “ ‘ser’ africano não deriva da história, mas da genética” (p. 11). Não se há uma análise que parte da cultura, mas sim da biologia. Outro grave erro cometido, não se pesa as tradições (ou seja o seu passado) ao presente, como se os atuais acontecimentos na África não estivessem interligados a sua história, sendo facilmente analisadas de forma antropológicas, étnicas e etnográficas. E é essa análise que diferencia a História da África, dos outros continente, como o europeu e até mesmo o americano. Para Mia Couto, é por estar atenta a essas problemáticas e equívocos, que o trabalho de Leila Hernandez se diferencia, já que tem o objetivo de “desfazer permanente de estereótipos e o convite para um olhar mais aberto, disponível e crítico.” (p. 12). E é na sala de aula que ela propõe o desafio dessa nova proposta.
INTRODUÇÃO
Esse trabalho é resultado das aulas de História da África, ministrada por Hernandez, no curso de História da USP, entre os anos de 1998 a 2003. O foco desse livro é: Imperialismo colonial, racismo e luta