A S Ndrome Da Antena Parab Lica
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A síndrome da antena parabólicaBernardo Kucinski
-Os meios de comunicação de massa substituíram as praças públicas na definição do espaço coletivo da política no mundo contemporâneo, mesmo em países como o Brasil, nos quais ainda ocupam as ruas importantes movimentos sociais e de protesto. Devido ao grau ainda elevado de analfabetismo e ao baixo poder aquisitivo da maioria da população, a percepção popular da política e da sociedade provém principalmente dos meios eletrônicos de comunicação, o rádio e a TV, e, em menor escala, da leitura de jornais e revistas, os poucos objetos de leitura popular regular.
Este ensaio prospectivo tenta examinar a especificidade do espaço público configurado pelos meios de comunicação de massa no Brasil, como caso exemplar de uma sociedade elitista e de economia dependente. Examina-se o papel de cada um desses meios na formatação desse espaço, na criação do consenso e na definição da agenda nacional de discussões, comparando-se com o que ocorre nas democracias liberais dos países centrais.
-A estrutura de propriedade das empresas jornalísticas no Brasil reproduz com grande fidelidade a configuração oligárquica da propriedade da terra; na gestão dos jornais predominam as práticas hedonísticas e de favoritismo típicas da cultura de mando da grande propriedade rural familiar. Enquanto na maioria das democracias liberais avançadas há um grau substancial de pluralismo ideológico na imprensa escrita, no Brasil os jornais, propriedade dessa oligarquia, compartilham uma ideologia comum, variando apenas em detalhes não significativos. Por seu caráter documental, os jornais são as bases de partida dos processos de definição da agenda de discussões e de produção do consenso.
-A TV é hegemônica na formatação do espaço público e dominada por uma empresa com forte vocação monopolística. Enquanto na maioria das democracias liberais avançadas a audiência de TV é repartida entre diversas redes, e suas programações têm de se ater ao princípio