A visão clássica da ameaça do desemprego tecnológico
Volume 17
Número 1
Julho de 2009
5
A visão clássica da ameaça do desemprego tecnológico
Joaquim Miguel Couto/UEM
Carlos Eduardo de Freitas/UFMT
Ana Cristina Lima Couto/UEM
RESUMO
A questão do desemprego tecnológico preocupou a mente de dois dos maiores pensadores da ciência econômica: David Ricardo e Karl Marx. Ambos acreditaram que a introdução de novas máquinas poderia causar uma situação de desemprego crônico durante certo período de tempo, prejudicial a classe trabalhadora.
O movimento luddita do início do século XIX deixou claro que o desemprego tecnológico era um fenômeno real. No entanto, os autores reconheceram que o desemprego tecnológico poderia ser evitado caso novos investimentos absorvessem a mão-de-obra dispensada pela introdução de nova maquinaria. Ou seja, tudo dependeria da velocidade do desenvolvimento da tecnologia e do crescimento da economia, aliada ainda ao crescimento da população e da redução da jornada de trabalho.
Palavras-chave: Desemprego Tecnológico, Ricardo, Marx, Movimento Luddita.
1 INTRODUÇÃO
Grandes escritores ao longo dos séculos, principalmente de ficção científica, imaginaram um mundo em que as máquinas iriam substituir os trabalhadores no árduo esforço de produzir bens e serviços. Livres das obrigações produtivas, ou da maior parte delas, os homens teriam mais tempo para dedicar sua força e inteligência em atividades mais prazerosas, tornando a vida humana mais alegre e menos sofrida. Até mesmo Aristóteles, um dos maiores pensadores da humanidade, imaginou uma sociedade sem a necessidade de trabalho e, por consequência, sem a necessidade de escravos.1 Keynes
(1999) chegou a imaginar o homem trabalhando apenas três horas por dia, no ano de 2030.
No entanto, desde o século XVIII, os trabalhadores sentiram que o progresso do uso das máquinas não estava trazendo tanta felicidade assim. Demitidos pela introdução de máquinas modernas, os operários sem salários viraram